terça-feira, 1 de novembro de 2011

A viagem para Moscovo trouxe-me vários desafios pessoais, em particular:
- foi a minha primeira vez no continente asiático;
- o contacto com pessoas potencialmente diferentes de mim e onde poderia ser difícil a comunicação caso me perdesse nas ruas, metro ou, pior, fosse abordado por um polícia;
- a língua russa usa um alfabeto diferente do português latim;
- foi a minha primeira vez a fazer escala durante a viagem, sendo que no total tinha 6h de viagem pela frente.
Tratou-se de uma viagem de trabalho pelo que o lazer estaria apenas ao meu alcance durante o fim de semana e, eventualmente, um ou outro dia durante a semana, caso o tempo e o volume de trabalho assim o permitisse.
A aventura estava marcada para começar poucos minutos depois das 8h de Portugal, mas devido a uns atrasos de embarque e todo o mais, acabei por apenas descolar da Portela às 8h30. O dia estava a desabrochar, a manhã estava calma, céu limpo e azulinho. Pensei eu... "Mesmo ótimo para viajar!". Seguiram-se 3h e uns centavos, quase nenhuma turbulência e um desvio de rota a meio, o que me fez passar por cima de Paris ao invés de ir direito para Zurique, na Suíça. O capitão avisou que iríamos mudar a rota devido a instruções dadas pelos amigos controladores aéreos, e nada mais adiantou. Ao aterrar a Zurique, olho para as horas e tinha exatamente 5 minutos para entrar dentro do meu voo de ligação que finalmente me depositaria em Moscovo pelas 16h, mais coisa menos coisa. Pois bem, ainda dentro do avião, informei as hospedeiras de que tinha um voo de ligação e que basicamente devia estar nesse preciso instante a sair do aeroporto em direção a Moscovo. Disseram-me para falar com a pessoa à saída do corredor. Chego lá, digo o meu nome à senhora e........ obviamente o voo já nem constava na lista. Ao mesmo tempo, chegou uma senhora que vinha comigo de Lisboa, Russa, exatamente na mesma situação. Num passo apressado, dirigimo-nos para os balcões de voos de ligação, e foi quando me disseram o seguinte: "desculpe, mas o seu avião partiu, de modo que terá de ser reencaminhado para Frankfurt e daí para Moscovo."
O meu pensamento 1 segundo depois da novidade: "Só pode estar a gozar comigo!!!". Enfim, não havia nada a fazer a não ser esperar pelo avião para Frankfurt. Ainda tentei escolher os lugares de ambos os voos, pois prefiro ir o mais à frente possível e no corredor. Nada feito, acabei por ir para Frankfurt a meio do avião no corredor, e o ticket para Moscovo apontava para qualquer coisa como 30D. Como podem imaginar, fiquei no cu do avião. Para além de andar a saltitar pela Europa, apenas chegaria a Moscovo por volta das 11h da noite. Fantástico! Enfim, em Zurique dei por mim a pensar: "Bem que bela praxe de voos com conexão! / Não havia uma maneira mais simples para chegar a Moscovo sem tanta descolagem/aterragem?". Mas do que valia isso? De nada, claro. Teria de ser assim, e não havia nada a fazer. Entreguei-me.
De Zurique para Frankfurt são, aproximadamente, 50 minutos. Viagem super rápida onde tive direito a um belo Toblerone para adoçar o momento. Durante este voo senti-me bastante bem e tranquilo, parecia que já tinha passado uma vida de viagens e ping-pong de aeroportos. Chego a Frankfurt e tive pena de não ficar lá mais tempo, pois gostaria de visitar a cidade. De cima pareceu-me ver edifícios interessantes para visitar. Enquanto esperava que chegasse a hora para o voo de Moscovo, sentei-me num bar do aeroporto e tomei um chá de camomila e comi uma sandes. Passado um pouco, a senhora Russa que estava no mesmo reboliço que eu, passou e eu perguntei se não queria juntar-se à minha mesa e tomar lá a sua refeição. Ela aceitou. Estivemos a falar um pouco, e sempre deu para descomprimir. Aconselhou-me sobre sítios para visitar na sua cidade. Fantástico! Nisto, chegou a hora de embarque, e eu, já cansado, entrei no avião, instalei-me e esperei. Esperámos todos uns 15 minutos até surgir uma voz no intercomunicador a dizer: "(...) estamos com um problema no sistema de arranque do avião, pelo que os técnicos estão a verificar a situação". Eu pensei... "se tivermos que mudar de avião, será que há algum disponível? Irei passar a noite em Frankfurt?". Enfim o problema lá se resolveu e finalmente partimos. Tenho a dizer que a comida e o serviço da Lufthansa é muito acima da média; recordo-me estar a comer um queijo dos alpes com um belo pão de sementes, um crepe acompanhado de uma geleia muito saboroso... E vinho... bem, eu não bebo nada a bordo a não ser água, mas a minha t-shirt não pode dizer o mesmo. Faltava mais ou menos uma hora para chegar a Moscovo, quando apanhámos uns 10 minutos de turbulência suficiente para um copo de vinho tombar e cair-me ligeiramente em cima da t-shirt, manchando-a. Não liguei obviamente a isso no momento, mas após a turbulência passar, dirigi-me à parte de trás afim de falar com uma hospedeira. Precisava de algo para pelo menos absorver o vinho da t-shirt, caso contrário poderia ficar sem ela. Não tinham produto nenhum específico a bordo para tirar nódoas, pelo que a opção foi usar um pouco de sal.
Ao chegar a Moscovo, fiquei super feliz e orgulhoso de mim mesmo. Os meus olhos não verteram uma lágrima, mas quase. "I DID IT!" : )


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