quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lembro-me perfeitamente de quando tudo começou...
Era de noite e eu estava a partilhar o sono na mesma cama com a minha namorada e nisto eis que acordo em alarme... uma enorme dor na barriga! Tenho a memória bem presente de pensar que provavelmente seria uma dor aguda de apêndice, uma vez que se localizava mesmo "naquele" sítio! A mente começou de pronto a canalizar todo o pensamento para uma possível visita ao hospital mais próximo e quem sabe operação de urgência! "Oh não, ser operado não!" Enfim, tentei esquecer aquele cenário horrível e adormecer... Passado uma hora lá adormeci....
No dia seguinte acordei ainda com "aquela" dor! Era teimosa, chateando-me mesmo nos dias seguintes... O desconforto no corpo começou a aumentar e a mente cada vez mais a reservar energia para tais pensamentos negativos....
Foi então que decidi ir ao médico afim de fazer exames; porventura uma ressonância ou um TAC ajudaria a esclarecer a situação! Saí do médico já com uma palmadinha nas costas e com a frase: "Não tem nada; o que precisa mesmo é de se distrair e beber uns copos à noite!"
Pois eu bem me tentava distrair, mas aquele desconforto era limitativo; a mente constantemente a focar a sua atenção para aquela região no corpo.... Horrível...
Às tantas, começou uma pressão enorme na cabeça e eu já pouco satisfeito com as semanas anteriores, fiquei ainda mais alarmado... Fui novamente ao hospital fazer exames, mas agora à cabeça... Nada, felizmente!
A pressão na cabeça foi o que mais me aborreceu nisto tudo pois era constante o dia inteiro. Tanto fazia estar a trabalhar, como a tentar relaxar à beira mar ou de férias, ou ainda deitado à espera que o sono me salvasse! Cheguei a frequentar uma consulta de um homeopata, em que me foi assegurado que iria claramente melhorar e ficar óptimo! A ansiedade de ficar óptimo parece que me impedia de o atingir!
No fim de ir a especialistas tanto de intestinos como de neurologia, de ter feito inúmeros TACs, e de viver numa tristeza que talvez em muitos momentos nem sequer fosse consciente, aceitei que a génese dos meus problemas era apenas uma: a minha mente! Enfim, tenho agora plena consciência do quão eu era hipocondríaco!
Todo este aglomerado de pensamentos negativos e sentimentos corporais que eu interpretei como sendo extremamente perigosos para mim, promoveram o surgimento de algum tipo de fobias que até então eu nunca teria tido. Começei a ter receio de me ausentar para sítios que estivessem longe de um hospital, medo de andar de avião, de elevadores e de parar no transito em pleno tabuleiro da ponte 25 de Abril! Sem me aperceber, tudo isto começou a efervescer dentro de mim e a ganhar cada vez mais terreno, como se tratasse de um campo de batalha em que dum lado estava eu indefeso e nu, e do outro, claramente, uns senhores muito feios, com kilts vestidos, machados e capacetes de ferro!

Sem comentários:

Enviar um comentário