quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vivia então numa grande bola de neve... em que só a trabalhar me sentia menos mal. Talvez por ter a mente mais ocupada. Esta ansiava por mais exames médicos; mas ao mesmo tempo começei a mentalizar-me que, provavelmente, até poderia ser em parte tudo produto da minha cabeça! Devo confessar que acreditava pouco que assim fosse, pois nessa altura desconhecia por completo que a mente tem a capacidade de não só resolver problemas abstractos, comunicar, interpretar, julgar, etc, mas também de criar e modificar o nosso estado de espírito, o nosso corpo, a nossa motivação, os nossos medos e angústias.
Num impulso de alguma ousadia ou tentativa de ultrapassar o problema todo, decidi comprar uma bicicleta bastante cara e meti na cabeça que iria praticar imenso desporto e que tudo iria passar normalmente.
Contudo, isso não aconteceu. Lembro-me de estar no meio do mato, distante de qualquer tipo de ajuda e de pensar enquanto descia, cansado, um trilho muito estreito em piso acidentado: "Se me dá aqui alguma coisa, ninguém consegue vir cá ajudar-me / uma carrinha do INEM não passa aqui...". Depois do pensamento, surge a ansiedade e um stress brutal em querer desaparecer dali o mais rapidamente possível. O coração a bater extremamente rápido!
Poderia ficar aqui indefinidamente a descrever situações e acontecimentos que infelizmente eu experienciei de ansiedade e tristeza. Mas para quê? Agora compreendo que tudo na vida tem um propósito: mesmo as experiências "menos boas" servem para nos dar uma lição e permitem evoluirmos como pessoas. A adversidade e os problemas psicológicos de que as pessoas sofrem não podem servir de pretexto para que elas se martirizem mais e vivam infelizes. Há que aprender com o erro. O processo é duro, implica muito empenho e vontade de mudança; mas nada nesta vida é certa e tudo parte naturalmente, assim como chega.

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