sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Algo que acho ser comum a pessoas com problemas no geral é o sofrimento em silêncio. É sempre melhor o sofrimento desta forma, porque jamais queremos aceitar que temos algo de errado. A vergonha em fazê-lo é também um inibidor nato do desabafo. Os meus amigos das manhãs de sábado passados a andar de bicicleta na Serra da Arrábida não representavam o meu círculo de amigos mais próximos, e embora sejam mais velhos do que eu (o que poderia ser mais desinibidor), algo me condicionava as cordas vocais.  Eu não fui diferente do comum dos mortais e, portanto, sofri em silêncio e sempre que solicitado, defendia-me com um sorriso mudo, áspero e pesado, afim de demonstrar que estava a adorar o momento. "Epah espectáculo, esta descida foi mesmo brutal! / Adorei este trilho, temos de repetir!"

Passado pouco tempo, interrompi o desporto matinal por já não me sentir confiante fisicamente. A preguiça foi só uma forma carinhosa para esconder o medo que tinha de enfrentar o corpo e a mente frágil. Hoje em dia, posso adiantar que eles continuam sem saber porque deixei de ir andar de bicicleta. Claramente trata-se de uma evidência do poder do ego. Um dia contar-lhes-ei o porquê, e independentemente da sua reacção, o que interessa mesmo é minha revelação e sinceridade para com eles. Eu devo-lhes isso e, acima de tudo, eu devo isso a mim próprio.

O sofrimento silencioso é algo de que se tem plena consciência, qualquer que seja o estado em que estejas. Assim, urge fazer algo para tentar contrariá-lo, uma vez que é através do desabafo que se começa a criar espaço interior muito importante para ultrapassar os problemas. Obviamente que não é preciso andar na rua a fazer publicidade acerca dos nossos sentimentos, pensamentos, dificuldades e carências, mas pode-se começar com aquela pessoa/animal que amamos incondicionalmente. O pai, a mãe, a irmã, a avó, o avô, o cão ou o gato. Falo em animais porquê? Bem sei que não vais obter respostas, mas o simples facto de expulsares cá para fora essa energia negativa, por si só já é um bom começo.

Sugiro a leitura de um livro chamado "Morrer de olhos abertos" da autora Marie de Hennezel para quem se sentir menos confortável com o tema da morte. Foi o primeiro livro que a Daniela Cosme sugeriu-me e foi muito importante, uma vez que me abriu o horizonte e adicionou alguma cor ao tema morte.

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