domingo, 15 de novembro de 2009

O combinado foi aparecer a cada duas semanas para começar a escavar progressivamente até à fonte dos meus problemas e, assim, descobrir o porquê dos meus medos e fobias. Começei a aperceber-me de que a maior parte dos dias de consulta representavam uma conquista. Nas primeiras sessões lembro-me de que o sentimento pode-se resumir a um certo alívio, embora tivesse consciência que pouco tinha mudado, pois a pressão na cabeça estava constantemente presente e todas as situações e lugares que me faziam entrar em ebulição interior continuavam a ter o mesmo efeito sobre mim. Infelizmente, esse alívio era absurdamente curto, o que estragava totalmente a magia do momento e um sentimento de alegria interior. Como seria possível algo tão simples como apenas falar com uma pessoa, trazer-me, mesmo que por breves minutos, uma paz de espírito inqualificável? Valia a pena investir nisso! E, enfim, como se costuma dizer, de grão a grão, enche a galinha o papo. Posso dizer que foi assim que começei a criar uma certa dependência para com aquela divisão de casa isolada do mundo, bem como daquela presença em frente a mim.

Dei por mim a desejar que chegasse o dia da sessão e, passado pouco tempo, passei para uma frequência semanal às sessões. É engraçado em como os sessenta minutos começaram gradualmente a encurtar: na primeira sessão, existe aquela enorme inércia em dizer o que sentimos e o porquê de precisarmos de ajuda, o que no fundo se resume a abrir o coração; mas depois, tudo fica bem mais fácil, e é realmente apenas nessa altura em que se começa a apreciar o momento e a tomar consciência de determinado tipo de "caixinhas" que constituem a nossa mente.

Na minha opinião a nossa mente tem uma grande quantidade de caixinhas que estão ligadas a determinado tipo de emoções e sentimentos e que se revelam sempre que os nossos pensamentos nos conduzem até elas. Reagimos de uma forma x, sentimos de uma forma y, e vivemos condicionados de uma forma z, apenas porque estas caixinhas estão a ser alimentadas por energia que provém dos nossos pensamentos. Se pensarmos em como somos fracos e indefesos, a nossa caixinha dedicada para isso mesmo, ganha força e sente-se imensamente feliz por estar a receber uma óptima refeição. Por consequência, nasce corpo fora um sentimento de inferioridade, incapacidade, pequenez e vulnerabilidade. Se pensarmos que o elevador que estamos a apanhar pode cair se algo correr mal, a respectiva caixinha, faz com que, eventualmente, o nosso corpo trema ou sintamos uma agitação interior. Tudo depende da existência da caixinha e da energia que permitimos ceder-lhe. Tomar consciência das caixinhas e dos nossos pensamentos representa o desafio supremo para qualquer pessoa que sofre de fobias e medos. Tudo aquilo a que vulgarmente dizemos como, "eu sou", depende da nossa mente e da energia que fornecemos às nossas caixinhas.

O que realmente todos nós somos não pode ser expresso por palavras, porque isso já seria limitar o Ser a uma produção mental de identidade. Mas falemos disto mais tarde.

Com amor.

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